SOBRE O LIVRO
Organizado por Margherita Isola e Marina Alegre, Pacha Manas: Costurando conversas sobre aborto recolhe e (re)elabora fragmentos de Pacha Manas, projeto homônimo e mais amplo que existe há três anos. No seu cerne estão as mulheres, as plantas e uma vontade amorosa e rebelde de criar espaços de diálogo, solidariedade e afeto onde possamos falar abertamente sobre aborto. "Espaços onde nós mulheres possamos pensar a partir das nossas diferenças e compartilhar, sem juízo e censura, as nossas experiências e inquietudes em relação a toda constelação de assuntos que gravitam ao redor da interrupção de uma gravidez, como autonomia, saúde, autodeterminação dos corpos, sexualidade, interconexão com os saberes comunitários e ancestrais e o respeito pela Terra, a casa onde todas vivemos".
Pacha Manas: Costurando conversas sobre aborto traz textos com diversas abordagens, escritos por diferentes mulheres com trajetórias múltiplas. Junto aos textos trazemos estatísticas sobre o aborto, um Manifesto Poético e também um herbário com plantas abortivas que foram bordadas e que são apresentadas ao lado de fragmentos de um dos círculos em que mulheres se reuniram para conversar, bordar e trocar.
A ideia dos círculos surge do desejo de juntar mulheres e costurar conversas sobre o aborto, conversas que saibam abraçar a complexidade do assunto e também a complexidade do que somos. Quando falamos de costurar falamos literalmente, porque enquanto falamos nossas mãos costuram e bordam. Esta combinação palavra-bordado nos permite envolver o corpo na construção do diálogo, deixando que sejam os corpos e os gestos a despertar as palavras.
SOBRE AS AUTORAS
Margherita Isola é artista e performer de origem mediterrânea que vive e trabalha de forma itinerante, atualmente em Barcelona. Formada em História das Artes Cênicas pela Universidade de Florença e em dança contemporânea pela Academia Isola Danza da Bienal de Veneza. Desde 2007 trabalha como artista visual misturando diferentes práticas e mídias: arte têxtil, bordados, performance, gravura, colagem, instalação, arte pública e arte comunitária. Margherita aborda questões relacionadas aos feminismos, a migração, o colonialismo, a capitalização de Gaia, o interespecismo, com o intento de repensar novas formas de interconexão e coexistência que colocam a vida no centro. Junto a Marina Alegre é criadora do projeto Pacha Manas e organizadora do livro.
Marina Alegre é artista e educadora ambiental. Formada em Geografia pela Universidade de Brasília, desenvolve projetos que convergem temas como agroecologia, feminismos, vulnerabilidade social, artes visuais e relacionais. Faz parte dos coletivos casadalapa, Roça de Rua e Projeto Matilha. Desde 2017 desenvolve o projeto Bolcetas que sugere uma correlação entre a fertilidade das mulheres e das plantas. Junto a Margherita Isola é criadora do projeto Pacha Manas e organizadora do livro.
Andreia Alves é negra, lésbica, mãe, feminista, dançarina, pós-graduada em dança e consciência corporal, educadora social e analista em gestão de pessoas. Dança no grupo Ilú Oba de Min há 15 anos, onde é uma das coordenadoras do corpo de dança. É uma das colaboradoras para a construção da Marcha das Mulheres Negras de São Paulo. É uma das idealizadoras e coordenadora geral no projeto “Narrativas de Liberdade”, idealizadora e performer no Projeto "Biografias: Fragmentos...”. Dirigiu o mini doc "Como é ser mãe de meninos pretos em uma sociedade racista" para o Quebrando o Tabu. Andreia participou do encontro virtual Pacha Manas - Círculo de mulheres e bordados sobre plantas e resiliência.
Cleone Santos é fundadora do grupo Mulheres da Luz, coordenadora de políticas públicas para mulheres de Diadema e atual presidente da Agentes da Cidadania, ONG que busca promover a cidadania e a garantia dos direitos humanos das mulheres em situação de prostituição na região do Parque da Luz, no centro da cidade de São Paulo. Cleone participou do encontro virtual Pacha Manas - Círculo de mulheres e bordados sobre plantas e resiliência.
Cristine Takuà é filósofa, educadora e artesã indígena. Vive na aldeia do Rio Silveira onde é professora da Escola Estadual Indígena Txeru Ba’e Kuai’ e também auxilia nos trabalhos espirituais na casa de reza. É fundadora e diretora do Instituto Maracá e representante do núcleo de educação indígena da Secretaria de Educação de São Paulo e membro fundadora do Fórum de Articulação dos Professores Indígenas do Estado de São Paulo - FAPISP. Cristine participou do encontro virtual Pacha Manas - Círculo de mulheres e bordados sobre plantas e resiliência.
Eliana Rodrigues é pesquisadora pós-doutora, professora e coordenadora do Centro de Estudos Etnobotânicos e Etnofarmacológicos da Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP. Atualmente tem se dedicado a estudos na área de uso e manejo tradicional, na perspectiva da etnobotânica participativa. Eliana participou do encontro virtual Pacha Manas - Círculo de mulheres e bordados sobre plantas e resiliência.
Ellen Vieira é parteira obstetriz graduada em Obstetrícia pela Escola de Artes e Ciências Humanas, da Universidade de São Paulo - EACH USP. Trabalha com educação em saúde, assistência em saúde sexual e reprodutiva de mulheres, planejamento reprodutivo, pré natal, parto domiciliar, pós parto e amamentação. Faz parte do Coletivo Feminista Sexualidade e Saúde e Coletiva Flor de Cacau. Ministra cursos, oficinas e vivências, promovendo espaços de trocas de saberes sobre saúde sexual, reprodutiva, ginecologia autônoma e natural, com uma perspectiva feminista.
Karen Mar Mercado Andia es economista y socióloga en deconstrucción, tejedora de tramas feministas del sur, que apuesta por el amor y cuidado entre mujeres. De nascimento boliviana, parte de la comunidade warmi pachakuti. Su hacer y sentir se ha centrado en luchas comunitarias e indígenas, gestión territorial y formas políticas femeninas en contextos de despojo y violencia capital, colonial y patriarcal.
Nadya Sant’Anna é Yalorixá na Comunidade Cultural Religiosa de Matriz Africana - Ilê Omo Aiyê, fundada em 1987 na zona rural de São Luiz do Paraitinga/SP.
Nathalia Diórgenes é feminista negra, militante da Marcha Mundial de Mulheres. Assistente social, mestra e doutora em Psicologia pela Universidade Federal de Pernambuco - (UFPE). É professora adjunta do curso de Serviço Social da Universidade de Integração Internacional da Lusofonia Afro-brasileira - UNILAB, integra o Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Poder, Cultura e Práticas Coletivas (UFPE). Dedicou seus esforços acadêmicos em torno do tema do aborto e suas interfaces de classe e raça, tendo defendido, em 2020, a tese de doutorado "Entre silêncios, interdições e pessoalidades: uma análise racial das histórias sobre aborto no sertão”.
Yera Moreno Sainz-Ezquerra es artista visual, docente e investigadora. Doctora en Filosofía y profesora del Departamento de Historia del Arte en la Facultad de Bellas Artes de la Universidad Complutense de Madrid - UCM. Su trabajo artístico y de investigación se sitúa, desde los feminismos y las disidencias cuir/queer, en el campo de la performance y la producción de imágenes en relación con las identidades y la subjetividad. En sus últimos proyectos artísticos se ocupa de la reapropiación de la botánica y la taxonomía desde una narrativa feminista y queer.